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O Dia Mundial do Cérebro, assinalado anualmente no dia 22 de julho, foi estabelecido, em 2014, pela World Federation of Neurology (WFN) e pela International Headache Society1, visando a consciencialização sobre o tratamento e prevenção das doenças cerebrais e neuromusculares, problemática que afeta especialmente a população mais envelhecida.
O cérebro é responsável pela maioria das funções cerebrais e fisiológicas: É o centro da inteligência, memória, consciência e linguagem. Em colaboração com outras partes do encéfalo, controla as sensações e os órgãos efetores, sendo por isso, o único órgão consciente da sua existência2.
A respiração, em condições normais, é controlada pelo centro respiratório de forma inconsciente. Os órgãos sensoriais localizados no cérebro, como os neurónios sensoriais, têm como funções a monitorização do sangue e verificação dos níveis de oxigénio e de dióxido de carbono. Normalmente, uma elevada concentração de dióxido de carbono no sangue, leva a uma respiração com maior frequência. Por outro lado, quando a concentração deste composto químico é baixa, o cérebro diminui a frequência e a profundidade da respiração3.
Uma das condições patológicas da relação cérebro-pulmão é a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que consiste numa doença neurodegenerativa, evolutiva e progressiva4, causando a perda de contração muscular voluntária e o controle dos movimentos, fundamentalmente, sobre os músculos respiratórios5.
Todos os pacientes com ELA apresentam ou apresentarão insuficiência respiratória, uma vez que, em 97-98% dos casos, a função pulmonar diminui de forma progressiva durante a evolução da doença7. Após o diagnóstico, a expectativa média de vida, varia entre os três e os cinco anos8, a grande maioria evolui para óbito devido à degradação da função respiratória6, pois esta é controlada pelo SNC.
O cérebro e o coração são órgãos que se complementam de forma interdependente em relação ao seu desempenho.
O cérebro consegue alterar o funcionamento do coração através do sistema nervoso, ou seja, se o sistema nervoso simpático (SNS) for ativado, irá ocorrer um aumento dos batimentos cardíacos. Pelo contrário, se for estimulado o sistema nervoso parassimpático (SNP), a frequência cardíaca diminuirá.
A Endocardite é um exemplo de uma condição clínica da relação cérebro-coração, caracterizada pela inflamação do endocárdio através da invasão de agentes infeciosos presentes na corrente sanguínea. Esta infeção gera vegetações, compostas por plaquetas que ao se desprenderem da parede do miocárdio, formam êmbolos, que podem obstruir uma artéria, originando um Acidente Vascular Cerebral (AVC)9.
A ecocardiografia é o principal exame para o diagnóstico desta patologia, competência do Técnico de Cardiopneumologia, bem como a avaliação da vasculatura cervico-encefálica, pós AVC, nomeadamente por ecoDoppler carotídeo e transcraniano.
O sono é um estado de repouso e possui uma variedade de processos imprescindíveis de modo a manter uma função cerebral saudável.
Uma das patologias que demonstra a relação cérebro-sono é a Síndrome da Apneia Obstrutiva (SAOS), doença crónica, progressiva e incapacitante caracterizada pelo colapso das vias aéreas superiores devido ao seu estreitamento durante o período do sono10. Os principais sinais e sintomas são o ronco, interrupção da respiração durante o sono, sonolência diurna excessiva, cefaleia, irritabilidade, impotência sexual, sensação sufocamento ao despertar e agitação ao dormir11.
O diagnóstico desta síndrome é feito através da anamnese e confirmado pelo exame de polissonografia, onde o Técnico de Cardiopneumologia avalia diversos parâmetros tais como o índice de apneia e hipopneia, fluxo de ar, esforço respiratório, movimentos periódicos das pernas, fases do sono e frequência cardíaca. A ocorrência de 5 ou mais eventos respiratórios noturnos por hora durante a monitorização da polissonografia contribuem para o diagnóstico da Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono10.
Entre várias doenças ocorridas no cérebro, uma das principais é o Acidente Vascular Cerebral (AVC), que decorre da alteração do fluxo de sangue no cérebro.
O AVC é a primeira causa de morte e de incapacidade adquirida em todo o mundo, causando a morte a três pessoas por hora, segundo a Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC)12.
A prevenção pode ser feita em até 90% dos casos de AVC. Sendo é fundamental adotar um estilo de vida saudável, alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, não fumar (evitar também ambientes com exposição ao fumo passivo) e controlar os níveis de hipertensão arterial, dislipidémia e diabetes Mellitus.
Os 3 principais sinais de alarme do AVC são o desvio da Face, falta de Força num dos lados do corpo e dificuldade em Falar. Na presença de situação destas devemos manter a calma e ligar imediatamente para o número de emergência médica (112).
Autora: Maria Beatriz Leitão, aluna 3º ano da Licenciatura em Cardiopneumologia na ESSCVP-Lisboa, no âmbito do estágio clínico de Cardiopneumologia no Hospital de Vila Franca de Xira, EPE. Orientação do Professor Gil Nunes (ESSCVP-Lisboa e Técnico de Cardiopneumologia no Hospital de Vila Franca de Xira, EPE), de Mafalda Moreira (Técnica de Cardiopneumologia no Hospital de Vila Franca de Xira, EPE) e da Professora Inês Cabrita (ESSCVP-Lisboa).
Referências